sexta-feira, 16 de agosto de 2013

MESTRE LULA PATRIMÔNIO VIVO NA MEMÓRIA DO POVO BRASILEIRO.

" Meu nome é Luiz Gonzaga, não sei se sou fraco ou forte, só sei que, graças a Deus, té pra nascer tive sorte, apois nasci em Pernambuco, o famoso Leão do Norte.
Nas terras do novo Exu, da fazenda Caiçara, em novecentos e doze, viu o mundo a minha cara.
No dia de Santa Luzia, por isso é que sou Luiz, no mês que Cristo nasceu, por isso é que sou feliz."

O INICIO DA CARREIRA

Gonzaga nasceu em 13 de Dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, em Exu, distante 603 Km da Capital Pernambucana. Segundo dos nove filhos da união do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus(Santana), veio ao mundo dividido entre a enxada e a sanfona. Foi observando seu pai animando bailes e consertando velhas sanfonas, que lhe desperta a curiosidade por tal instrumento. Certa vez seu pai encontrava-se na roça e sua mãe na beira do rio, o mesmo pegou uma velha sanfona e começou a tocar. Santana, que não queria que o filho trilhasse o mesmo caminho do pai, dava-lhe puxões de orelha que nada adiantavam. Luiz seguia em frente, acompanhando seu pai em diversos forrós, revezando-se com ele na sanfona e ganhando seus primeiros trocados. Um belo dia Januário foi pego de surpresa quando o Srº Miguelzinho, dono de um forró, pediu para que Gonzaga tocasse, este havia acordado com um outro tocador que não apareceu. A salvação foi convidar o então menino Gonzaga que já mostrara suas habilidades no mesmo terreiro, sem a anuência de seus pais. Fez muito sucesso. E por aquelas "bandas" era conhecido por Luiz de Januário. Assim o Forró rolou solto ao longo da noite, Gonzaga sentia-se feliz, empolgado, era a primeira vez que tocava com o consentimento da mãe. Com o passar da noite, começou a sentir seus olhos arderem, a cabeça pesar, foi então que pediu para deitar na rede e de tão menino que era, ainda fez xixi enquanto dormia. Daí então passou a acompanhar Januário em festas de mais responsabilidades, revezavam-se entre toques e cochilos. Santana a princípio relutava, mas deixou-se levar pelos dois mil réis que o principiante tocador ganhava em suas "empreitadas". Assim cresceu Gonzaga: ajudando o pai na roça e na sanfona, acompanhando Santana às feiras do Exu, fazendo pequenos serviços para os fazendeiros da região, sendo protegido pelo Cel. Manuel Aires de Alencar, homem bondoso e respeitado até por seus inimigos. Gonzaga era bem tratado pelos Aires de Alencar, tanto que suas primeiras escritas e leituras foram ensinamentos das filhas do Coronel.


Dona Santana e Seu Januário pais de Luis Gonzaga.


A PRIMEIRA SANFONA

Foi o própio Coronel Aires quem realizou o grande sonho de Go
nzaga: possuir sua primeira sanfona. Tal instrumento  custava a importância  do cento e vinte mil´reis. Gonzaga tinha só a metade. a outra o próprio Coronel adiantou. quantia esta paga mais tarde fruto do seu  trabalho de sanfoneiro. O primeiro dinheiro ganho com a nova sanfona foi no casamento de Seu Dezinho, na Ipaueira, onde ganhou vinte mil réis. Tal convite veira aumentar sua fama, começa ali a ser um respeitado sanfoneiro na região.

  

O PRIMEIRO AMOR

Casamento? Gonzaga só pensava nisso. Comprou  até aliança. Queria casar com Nazinha. filha do seu Raimundo Milfont. um importante da cidade. O pai da moça ao tomar conhecimento das intenções do aprendiz de sanfoneiro. não permitiu o namoro. " Um diabo que não trabalha, não tem roça, não te nada só vive puxando fole". Gonzaga não hesitou , indignado, comprou uma peixeira, tomou umas truacas( cachaça), quis brigar brigar, quis matar, mas acabou levando outra surra de Dona Santana sua mãe. Dessa vez fugiu triste para o mato, mas com uma idéia fixa na cabeça : entrar no Exército.

GONZAGÃO GANHA O MUNDO

Dizendo que ia a uma festa deixou a terra natal rumo ao Crato, no Ceará, cidade maior e mais próspera, onde vendeu a sanfona e pegou o trem para Fortaleza, alistando-se em seguida. Com a Revolução de 1930, o batalhão de Gonzaga percorreu muitos Estados até chegar à cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ali, conheceu outro sanfoneiro, Domingos Ambrósio, o grande amigo que lhe ensinara os ritmos mais populares do Sul: valsas, fados, tangos, sambas. Gonzaga tirou de letra. Em 1939 deu baixa no Exército e seguiu para São Paulo e em seguida para o Rio de Janeiro. Passou então, a apresentar-se em bares da zona do meretrício carioca, nos cabarés da Lapa e em programas de calouros, sempre tocando músicas estrangeiras. Em uma dessas apresentações, um grupo de estudantes cearenses chamou-lhe a atenção para o erro que estava cometendo: por que não tocava músicas de sua terra, as que Januário lhe ensinara? Luiz seguiu o conselho e passou a tocar e compor músicas do Sertão Nordestino. Foi no programa do Ary Barroso que Gonzaga recebera calorosos aplausos pela execução do Vira e Mexe, música de sua autoria, proporcionando ao até então desconhecido Gonzaga o seu primeiro contrato pela Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.

  

GONZAGA E SEUS AMORES

Na solidão da cidade grande, distante de sua familia e de seu pé-de-serra, Gonzaga não dispunha de ninguém que dele cuidasse. Apesar de estar moando com seu irmão Zé, demostrava vontade em construir seu próprio lugar , sua própia familia. Teve diversos amores o mais conhecido foi com a corista carioca Odaléia Guedes, em meados do de 1945, tendo-a conhecida já grávida, assumindo e registrando seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. - Gonzaguinha. Apesar de ser bastante exigente Gonzaga finalmente encontra o que procurava, Em 1948 conhece a pernambucana Helena Cavalcanti, tornando-a  sua secretária particular e mais tarde sua companheira. Tal união estendeu-se até perto de sua morte. Não tiveram filhos, pois era estéril.

 


                        

O SUCESSO

O apogeu do Baião perpassou a segunda metade da década de 40 até a primeira metade da década de 50, época na qual Gonzaga consolida-se como um dos artistas mais populares em todo território nacional. Tal sucesso é devido principalmente à genialidade musical da "Asa Branca" (composição dele com Humberto Teixeira), um hino que narra toda trajetória do sofrido imigrante nordestino.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei aDeus do céu , ai
por que tmaanha judiação.
Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira
A partir de 1953 Gonzaga passou a apresentar-se trajado com roupas tipicas do Sertão Nordestino: chapéu ( inspirado no famoso  cangaceiro Virgulino Ferreira, O Lampião, de quem  era admirador), gibão e outras  características da indumentária do vaqueiro nordestino. Alia-se a esta imagem a presença de sua inconfundível sanfona branca - A Sanfona do Povo.  Com o surgimento de novos padrões da música popular brasileira, o apogeu do Baião começa a apresentar sinais de declínio, apesar disso, Gonzaga não cai no esquecimento,pleo menos para o público do interior, princiopalmente no Nordeste. Todavia foi o próprio movimento musical juvenil da Década de 60 - notadamente Gilberto Gil e Caetano Veloso, este último e depois e depois  Gonzaguinha  regravando ambos o sucesso Asa Branca, responsáveis pelo  ressurgimento do nome Gonzaga no cenário musical do país. Em março de 1972 em show realizado no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Jnaeiro, marca o reparecimento de Gonzaga para as platéias  urbanas. Nessa época retorna as paradas de sucesso como " Ovo de Cordona" cuja autoria é do nordestino Severino Ramos.


 



A VOLTA PRA CASA

Após longo período de atividade profissional, cerca de 35 anos, é chegada a hora de retornar a sua terra natal. Em Exú dá inicio a construção do tão sonhado Museu do Gonzagão, localizado  às  margens da BR-122, dentro Parque Aza Branca (Escrevia desta forma por pur asuperstição, embora soubesse do erro ortográfico). Lá se encontra o maior acervo de peças pertecentes ao Rei do Baião: suas principais sanfonas, inclusive a que tocou para o Papa em Fortaleza: sias vestimentas: seus discos de ouro: troféus: diplomas; titulos; fotos e presentes a ele ofertados ao longo da sua brilhante carreira. Além do Museu , o Parque abriga também o Mausoléu da família,  um grande palco  de shows e a casa  grande de onde Gonzaga observava a sua pequena Exú.

 

 

 

Últimos anos, morte e legado

Luiz Gonzaga sofreu de osteoporose por anos. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Foi velado em Juazeiro do Norte (a contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e e posteriormente sepultado em seu município natal.

Em 2012, foi tema do carnaval da GRES Unidos da Tijuca, com o enredo "O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão", fazendo com que a escola ganhasse o carnaval carioca deste respectivo ano.
Ana Krepp da Revista da Cultura escreveu: "O rei do baião pode ser também considerado o primeiro rei do pop no Brasil. Pop, aqui, empregado em seu sentido original: o de popular. De 1946 a 1955, foi o artista que mais vendeu discos no Brasil, somando quase 200 gravados. 'Comparo Gonzagão a Michael Jackson. Ele desenhava as próprias roupas e inventava os passos que fazia no palco com os músicos', ilustra [o cineasta] Breno [Silveira, diretor de Gonzaga — De pai para filho]. Foi o cantor e músico também o primeiro a fazer uma turnê pelo Brasil. Antes dele, os artistas não saíam do eixo Rio-SP. Gonzagão gostava mesmo era do showbizz: viajar, fazer shows e tocar para plateias do interior."
Em 2012, o filme de Breno Silveira Gonzaga, De Pai Pra Filho, narrando a relação conturbada de Luiz com o filho Gonzaguinha, em três semanas de exibição já alcançara a marca de 1 milhão de espectadores.



Luiz Gonzaga: patrimônio vivo na memória do povo brasileiro.


LUIZ GONZAGA - O REI DO BAIÃO
Autor:. Anderson Silva Poeta 
Hoje acordei saudoso
Do nobre Rei do Baião
Que tanto alegrou o povo
Da cidade e do Sertão Luiz Gonzaga é o seu nome E o apelido é Gonzagão 
Gonzagão nobre poeta
Da cultura popular
No Brasil de Norte a Sul
Fez sua estrela brilhar
Cantando Xote e Baião Fez a sanfona falar 
Na fazenda Caiçara
Nasceu o Rei do Baião
Cresceu tocando zabumba
Mais tarde acordeão
E pelo país inteiro
Mostrou a dor do Sertão 
Numa sala de reboco
Dançou com o seu benzinho
Viu Asa Branca voar
Partindo triste do ninho
Mostrou o flagelo da seca
E dançou Xote de mansinho 
Por um amor proibido Luiz Gonzaga apanhou
Revoltado com os pais
O pé na estrada botou
E sem saber o que fazer No exército se alistou 
O "cabra da peste" Gonzaga
Nordestino arretado
Viajou pelo Brasil
Ainda como soldado
Mas no Rio de Janeiro O "cabra" ficou encantado 
Pediu dispensa da farda
E na zona foi tocar
Solando acordeão
Foi tentando se firmar
Tocando samba e choro
Não saia do lugar 
Mas como um soldado bravo Luiz Gonzaga insistiu E num programa de calouros Despontou para o Brasil Quando a platéia de pé Empolgada lhe aplaudiu
 Aos poucos Luiz Gonzaga
Foi mostrando a Nação Com talento e humildade
Como se canta Baião
Conquistou ricos e pobres
Na cidade e no sertão 
Cantou com desenvoltura
Toada, xaxado e xote Aboio, chamego e baião No sudeste, sul e norte
O fole da sua sanfona Somente calou-se com a morte 
No ano oitenta e nove
O Brasil entristeceu
Quando o fole da sanfona De Gonzaga emudeceu
Naquele dois de agosto O Rei do Baião morreu 
Gonzagão deixou saudades
No coração do Brasil
Naquela manhã de agosto
Quando daqui partiu
Mas seu canto ainda ecoa Pelo céu azul anil.


DISCOGRAFIA

·         1956 — Aboios e Vaquejadas
·         1957 — O Reino do Baião
·         1958 — Xamego
·         1961 — Luiz "LUA" Gonzaga
·         1962 — Ô Véio Macho
·         1962 — São João na Roça
·         1963 — Pisa no Pilão (Festa do Milho)
·         1964 — A Triste Partida
·         1964 — Sanfona do Povo
·         1965 — Quadrilhas e Marchinhas Juninas
·         1967 — O Sanfoneiro do Povo de Deus
·         1967 — Óia Eu Aqui de Novo
·         1968 — Canaã
·         1968 — São João do Araripe
·         1970 — Sertão 70
·         1971 — O Canto Jovem de Luiz Gonzaga
·         1971 — São João Quente
·         1972 — Aquilo Bom!
·         1972 — Volta pra Curtir (Ao Vivo)
·         1973 — A Nova Jerusalém
·         1973 — Sangue de Nordestino
·         1973 — Luiz Gonzaga
·         1974 — Daquele Jeito...
·         1974 — O Fole Roncou
·         1976 — Capim Novo
·         1977 — Chá Cutuba
·         1978 — Dengo Maior
·         1979 — Eu e Meu Pai
·         1980 — O Homem da Terra
·         1981 — A Festa
·         1982 — Eterno Cantador
·         1983 — 70 Anos de Sanfona e Simpatia
·         1984 — Danado de Bom
·         1984 — Luiz Gonzaga & Fagner
·         1985 — Sanfoneiro Macho
·         1986 — Forró de Cabo a Rabo
·         1987 — De Fiá Pavi
·         1988 — Aí Tem
·         1988 — Gonzagão & Fagner 2 — ABC do Sertão
·         1989 — Vou Te Matar de Cheiro
·         1989 — Aquarela Nordestina
·         1989 — Forrobodó Cigano
·         1989 — Luiz Gonzaga e sua Sanfona, vol. 2


VIDEOS DO MESTRE LULA









Estátua de bronze  Açude Velho, Campina Grande , PB, Brasil






Anderson Silva Poeta




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